Aos 44 anos, Marcio Rolim, paraense de coração, é redator, roteirista e jornalista de portais de conteúdos LGBTQI+. Sua história é de um paraense que saiu de Belém já com 36 anos. Mesmo habituado com a vida em Belém, sair de sua amada cidade, causou-lhe muita dor.
Ao se mudar para a cidade mais populosa do Brasil, com o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul, constatou que São Paulo é uma ilusão para maioria de nós. Especialmente os nortistas.
O Início
Aos 40 anos Marcio já tinha uma carreira sólida de 12 anos como redator e roteirista publicitário, tendo passado por grandes agências como W/McCann e Sordfish Austrália, além de ter atuado como editor-chefe do maior App de encontros gay do mundo, o Hornet, em NY.
Daí surgiu a ideia de fazer seu próprio conteúdo, falando de seu atual momento. Indo na contramão do que os outros achavam, resolveu criar seu próprio canal, provando para muitos que não existe idade para recomeços.
Bee40tona
Criador e apresentador do canal Bee40tona, um programa que dialoga com o público gay acima dos 40 anos de idade, por conta do estigma voltado para esse público no que se refere à saúde, sexo e aceitação que impedia o público de se relacionar.
Em uma entrevista ao Observatório G (site de notícias e análises sobre o universo LGBTQIA+ do mundo) Marcio Rolim contou o que fez refletir a forma que a comunidade gay enxerga os gays que têm a idade entre 40 a 60 anos e acabam não sendo mais desejados, declarou o que motivou a criar o canal foi a situação em que:
“Eu estava em um aplicativo de namoro e tinha acabado de fazer 40 anos, vi um boy super gatinho e eu mandei uma mensagem para ele, mas ele me respondeu que não gostava de homens mais velhos. Aquilo não apenas doeu, mas me fez pensar que os jovens veem como um corpo que não pode mais ser acessado e foi exatamente isso que me fez fazer o canal”.
Hoje, márcio, acumula mais de 120 mil seguidores em suas redes.
Márcio relata que só começou a ganhar algo depois de 3 anos e hoje consegue viver com seus conteúdos, mas relata que é preciso focar na comunidade, porque marcas, patrocínios e publicidade são muito eventuais, devido à dificuldade de ser pago todos os meses por views.
Bee40tona diz que o creator vive de conteúdo, seja ele qual for e que a categoria Influenciador Digital vive da informação bem contada.
“Consumo diariamente hard news, pesquiso histórias que valem a pena serem contadas, faço roteiro, gravo e edito. A gente trabalha muito a semana toda, porque as coisas acontecem repentinamente e não podem esfriar. Minha família ainda me vê como publicitário de agências e tudo bem, meus pais são de outra época.”
Marcio também aborda e enfatiza em seus conteúdos a importância de lutar pelos direitos da comunidade, educando jovens para viver em sua sociedade mais diversas e com igualdade.
Responsabilidade e Cuidados com a Comunidade
Uma de suas maiores preocupações é ter cuidado com seus conteúdos. Marcio afirma ter muitas responsabilidades com a comunidade que criou, e essas responsabilidades estão ligadas ao que gosta de fazer, que é anunciar trabalhos de pessoas LGBT+. Filmes, teatro, lojinhas, artesanato, comida, serviços de saúde, tudo que seja feito por gente da comunidade, para ele isso, lhe traz grande satisfação em anunciar, divulgar e levar ao público maior.
Atualmente a cidade de São Paulo vive uma diáspora de criadores, todo mundo que chega a 50 mil inscritos no YouTube, acaba se mudando para a megalópole, muitas vezes isso acaba sendo uma realidade chocante, porque é possível fazer influência digital sem sair da sua cidade.
Marcio, saiu de Belém, para trabalhar em agências, tornando-se influenciador anos depois. Hoje Marcio é um dos maiores influenciadores do Brasil, sendo indicado a grandes prêmios como a 21ª edição do Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+ na Categoria Influenciador, ao lado de grandes nomes como Vitor di Castro e Heitor William.
Para finalizar essa entrevista, Marcio, deixa um recado para os seus colegas de profissão:
Conteúdo digital é um mercado que só cresce, sem a menor perspectiva de estagnar, portanto quem pensa em criar conteúdo, tenha em mente que é preciso ser relevante, consistente e tem que estudar algo, seja roteiro, edição, algo da área, para não começar tão amador.
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